Projeto Pulso: o UX por trás de um aplicativo pensado para o bem-estar no trabalho remoto.
Vamos explorar o impacto do design centrado no usuário no trabalho remoto.
Um projeto de UX que começa escutando e termina entregando respiro.
Como transformar rotina, pausas e conexão em experiência? O Projeto Pulso nasceu para repensar o equilíbrio no trabalho remoto com pesquisa, prototipação e muito UX na prática.
Desconectados, mesmo online
"Tenho liberdade de horário, mas perdi o senso de pertencimento."
O trabalho remoto avança, mas muitos ainda enfrentam cansaço, solidão e desconexão. Pequenos rituais do escritório, como o “bom dia” da copa, fazem mais falta do que se imagina.
Estudos apontam que, embora a produtividade no home office tenha crescido, milhões de profissionais ainda enfrentam exaustão e desconexão emocional no ambiente remoto.
Longe do escritório, o cuidado com o outro desaparece nos bastidores. A cultura de cuidado se perde e a sobrecarga emocional passa despercebida na rotina.
Mapeando os Stakeholders
Antes de pensar em soluções, mapeei os stakeholders envolvidos com o produto, não só os usuários diretos, mas também quem influencia ou se beneficia da ferramenta. No centro estão profissionais que atuam de forma remota ou híbrida, em diferentes cargos. Ao redor, surgem os stakeholders internos, como RH, lideranças técnicas e times da organização, e os stakeholders externos, como clientes, investidores, parceiros estratégicos, consultores de saúde mental, usuários beta e plataformas integradas.
Explorando o cenário
Antes de pensar em soluções, fui entender como o mercado tem lidado com os desafios do trabalho remoto. Analisei alguns aplicativos e plataformas que promovem bem-estar no ambiente de trabalho, como o Coffeepals, que fortalece conexões humanas em ambientes remotos, o Donut, que incentiva conexões entre colegas, e o Groove, voltado para foco e produtividade com sessões de coworking virtual.
Definindo rumos
O estudo originou a matriz CSD, que organizou os achados e ajudou a formular hipóteses. Identifiquei como certezas a valorização da saúde mental e o desejo por flexibilidade. Como suposição, a ideia de que rituais e autocuidado aumentam a produtividade. E entre as dúvidas, surgiram questões como: “As pessoas querem socializar online?” e “Que tipo de interação faz sentido para quem está esgotado?”.
Dados e Narrativas: Como foi Avaliado o Trabalho Remoto via Fontes e LinkedIn
Para entender melhor a experiência de quem trabalha remotamente, utilizei dois métodos principais: análise de dados e netnografia. A coleta partiu de fontes confiáveis como IBGE, FGV, LinkedIn e Google Trends, buscando identificar padrões sociodemográficos, comportamentos, percepções de produtividade e interesses relacionados ao trabalho remoto. A análise foi estruturada em planilhas e gráficos, com recorte temporal entre 2022 e 2025, e recortes por critério de gênero, região, renda, conectividade e preferências de modelo de trabalho.
Na abordagem qualitativa, a netnografia analisou 30 publicações no LinkedIn sobre trabalho remoto, das quais 19 foram selecionadas com base em relevância, diversidade de perspectiva e clareza na expressão de sentimentos. As postagens observadas incluíam desabafos, depoimentos pessoais, questionamentos sobre a cultura corporativa e sugestões espontâneas de mudança.
análise de dados
Panorama dos dados quantitativos
Vozes do Remoto: Emoções e Temas Emergentes
Quanto aos insights da Netnografia, a observação de postagens espontâneas no LinkedIn trouxe uma camada emocional à pesquisa. Em muitos casos, o que se lê nas entrelinhas é mais forte que o conteúdo explícito. Algumas pessoas desabafam sobre exaustão silenciosa, outras narram estratégias de sobrevivência para lidar com a falta de fronteiras entre casa e trabalho.
Entre os temas mais recorrentes estavam:
- Burnout e exaustão emocional
- Falta de reconhecimento
- Liberdade com solidão
- Busca por acolhimento no trabalho
Essas vozes ajudaram a construir a persona Renata Oliveira, uma síntese empática das dores e desejos identificados.
Da análise ao conceito: dando forma à solução
Principais descobertas
Flexibilidade é o novo benefício
Mais valorizada que salário em muitos casos
Autonomia é prioridade
Modelos híbridos e remotos são preferidos
Conexão importa
Produtividade cresce, mas também a sensação de isolamento
Faltam rituais
A ausência de marcações claras entre início e fim do dia afeta o bem-estar
Needs Statement
“Preciso de estímulo e suporte para manter hábitos de autocuidado sem sentir que estou negligenciando minhas responsabilidades profissionais.”
Do rascunho à experiência: construindo o MVP
Onde a ideia ganha forma
No Figma, encontrei espaço para transformar pesquisa em forma. Foi desenhando que organizei ideias, testei caminhos e me aproximei das dores da persona. Mais do que estrutura, busquei criar sentido, em cada fluxo, em cada detalhe que tornasse o Pulso mais acessível desde o início.
Com as ideias mitigantes definidas e a persona Renata bem compreendida, comecei a dar forma ao aplicativo. A primeira etapa foi a criação de wireframes de baixa fidelidade no Figma, espaço onde pude testar diferentes estruturas de navegação, fluxos e hierarquias visuais.
Durante esse processo, apliquei princípios de usabilidade para garantir que a experiência fosse clara, intuitiva e funcional. Também refinei textos e cores, sempre com atenção às diretrizes de acessibilidade da WCAG, para que o Pulso fosse inclusivo desde o início.
À medida que o projeto evoluía, construí telas responsivas, cuidando para que a experiência se adaptasse bem a diferentes dispositivos. Comecei a componentizar elementos e documentá-los em um design system próprio, o que trouxe consistência e facilitou ajustes posteriores. Organizei toda a biblioteca de componentes no Figma, deixando o projeto escalável e fácil de navegar.
Testando com usuários: uma bússola para ajustes e validações
Conduzi as sessões remotas observando interações naturais com o app. Sempre deixei claro: estamos testando o produto, não você.
Realizar o checkout de final de expediente
Observamos se o botão era fácil de encontrar e se o propósito era claro. A ideia era simular um encerramento de jornada, algo simples, mas que exige intuição da interface.
Acessar o espaço de socialização e criar uma nova sala
Uma funcionalidade mais subjetiva, que testava se o espaço social fazia sentido e se a criação de uma nova sala era compreensível.
Criar um novo compromisso na agenda
Aqui o desafio era navegar até a agenda, criar um novo evento e entender a estrutura de preenchimento. O objetivo era avaliar clareza e fluxo.
Navegar livremente usando o menu inferior
Essa etapa era importante para testar os ícones e textos do menu, além de verificar se o usuário conseguia explorar o app sem se perder.
Coleta de feedbacks
Essas sessões revelaram descobertas valiosas que foram além da validação visual. Embora todas as pessoas tenham conseguido concluir as tarefas, nem sempre o fizeram de forma fluida. Os principais pontos de fricção foram a ausência de textos explicativos e a falta de clareza em alguns ícones. Surgiram sugestões como incluir status de disponibilidade (ocupado, ausente), canais de bate-papo temáticos e explicações mais visíveis nas telas.
Apesar dos tropeços, todos conseguiram se recuperar dos erros e seguir explorando o app com autonomia, um bom indicativo de equilíbrio entre usabilidade e curva de aprendizado. A resposta emocional também foi positiva: dois participantes demonstraram animação ao usar o Pulso e outro apresentou confusão pontual, sem frustração. Os resultados mostram que a proposta é promissora, mas ainda precisa de ajustes para garantir uma experiência mais intuitiva e acolhedora desde o início.
E foi assim que nasceu o Pulso
O Projeto Pulso foi parte da minha formação como UX/UI Designer pela EBAC, e também um espelho das minhas próprias vivências no trabalho remoto. Sei bem como a linha entre pausa e pendência pode sumir no ritmo das notificações.
Ao longo do processo, aprofundei algo que já pensava: UX não é só sobre estética, mas sobre escuta, experimentação e empatia com quem está do outro lado da tela. A intenção sempre foi essa: tornar o remoto menos solitário e mais humano.
Ainda há muito a evoluir, e isso me anima. Porque um bom projeto não termina no Figma, mas no impacto que pode gerar.
Se chegou até aqui, valeu pela companhia. E se quiser trocar uma ideia ou mandar um emoji de chimarrão, a porta está aberta.